28.04.2019
Medicina complementar como aliada no câncer
Os pacientes com câncer podem contar com a medicina complementar como excelente recurso para dar suporte e melhorar a qualidade de vida! Pesquisas recentes demonstram o que, nós médicos que trabalhamos com fitoterapia e acupuntura, por exemplo, já sabíamos faz muito tempo. Artigo recente publicado na Havard Magazine, revista oficial da Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas dos Estados Unidos, dedica-se a falar das conquistas da medicina complementar, em especial no suporte de portadores de câncer, como um método cada vez mais utilizado e respeitado naquele país.
No artigo “The New Ancient Trend in Medicine” os pesquisadores relatam que muitas revisões, em especial feitas pelo NCAM – o Núcleo de Medicina Alternativa e Complementar do NIH (National Health Institute) a aplicação das técnicas complementares gerou benefícios significativos para os pacientes. Os resultados são consistentes, por exemplo, para controle das dores, na melhora da disposição física, e melhora do humor, regulação do ritmo intestinal, entre outros benefícios reportados. Alguns fitoterápicos como a curcumina extraída da Curcuma longa, os polissacarídeos do cogumelo Maitake, e as pectinas cítricas tiveram uma extensa pesquisa demonstrando resultados significativos em câncer com um nível de tolerância excelente e nenhuma toxicidade. A medicina antroposófica ainda contribuiu com a indicação do extrato de Viscum álbum, ativo especialmente nos casos de linfoma.
Medicina convencional e complementar aliadas
Num estudo feito pela Universidade de Colônia (Alemanha), por exemplo, o uso de medicina complementar reduziu vários efeitos colaterais da quimioterapia de câncer da mama. Já, estudos feitos na China, demonstraram que o uso da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) junto com a quimioterapia tradicional aumentou a frequência de remissões completas do câncer de estômago, em comparação com o tratamento convencional. Resultados como esses, têm levado alguns centros de pesquisa a reavaliar sua estratégia. Assim, nesse artigo a Universidade de Havard anuncia que a escola de medicina está criando uma clínica integrativa onde ambas as medicinas, convencional e complementar, vão ser utilizadas em associação no tratamento de várias doenças incluindo o câncer.
Existem ainda muitas publicações que criticam a medicina complementar, alegando que a metodologia dos estudos não é boa ou usando outros argumentos em nome da ciência, para desqualificar as suas indicações. Mesmo assim continua aumentando o número de pacientes que busca associar a medicina complementar à quimioterapia convencional para tratamento de câncer em todo mundo. Esse movimento resulta de relatos de outros pacientes ou experiência prévia dos indivíduos e, na maioria dos casos, os oncologistas não são comunicados. Pelo perfil dos pacientes que busca o suporte da medicina complementar, também temos evidência que ele faz uma diferença significativa. Em geral, são pessoas com melhor nível de instrução e de classes mais ricas que têm buscado essa complementação ao tratamento de câncer.
Ainda que existam muitas perguntas sem resposta e que o mecanismo exato pelo qual a medicina complementar melhora os resultados da medicina convencional, ainda não estejam totalmente esclarecidos, essas técnicas são muito antigas e já reúnem suficiente evidência de seus benefícios. Sendo assim é melhor que se utilize com mais frequência esses recursos e os disponibilize para os pacientes, considerando que portadores de câncer enfrentam drogas tóxicas e efeitos colaterais importantes.
No Brasil, os recursos da medicina complementar foram incluídos nas ações do Ministério da Saúde por meio da PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares), que inclui a acupuntura, a fitoterapia, a medicina antroposófica, a balneoterapia e a homeopatia. As ações do Ministério da Saúde nesse terreno ainda são tímidas, mas já é um começo disponibilizar essas técnicas no SUS. Estamos torcendo para que cada vez mais a medicina complementar seja implantada nas unidades de saúde do SUS e oferecida à população pobre.
Alex Botsaris é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de livros como: “O Complexo de Atlas”, “Sem Anestesia” e “Fórmulas Mágicas“ e “O Prazer de Se Cuidar” . Acaba de lançar “Medicina Ecológica”. Consultor da Pierre Alexander Cosméticos.