03.06.2012
Aromacologia apresenta os efeitos dos aromas especialmente no cérebro
De um lado, a demanda crescente de informações científicas por parte da indústria de cosméticos e perfumaria. De outro, um avanço das tecnologias de investigação e diagnóstico dos processos cerebrais. Eis que foi criada a aromacologia: uma ciência recentemente desenvolvida para estudar o efeito dos aromas sobre a mente humana. Os estudos feitos vieram confirmar o que a medicina tradicional já dizia, por meio da aromaterapia: os aromas podem causar efeitos intensos no organismo humano, em especial no cérebro.
Curiosamente, há um aparente conflito entre aromaterapia e aromacologia, mesmo que as duas cheguem a conclusões relativamente parecidas sobre os mesmo aromas. Os aromaterapêutas costumam alegar que a aromacologia é limitada e deixa muitos efeitos dos óleos essenciais sem explicação. Eles se queixam também que a aromacologia se interessa unicamente pelos efeitos mediados pelo nervo olfativo, deixando outras ações dos óleos essenciais de lado. Conflitos à parte, as conclusões dos estudos são muito interessantes e valem ser reveladas.
Aromas que relaxam
O óleo essencial mais estudado é o de lavanda. Ele reduz a ansiedade, melhora o humor, a qualidade do sono, combate a depressão e relaxa a musculatura. Da mesma forma que a lavanda, outros óleos essenciais como o jasmim, a flor de laranjeira e o capim-limão revelaram um efeito semelhante, gerando redução da ansiedade e melhora do humor. O aroma de lavanda demonstrou resultado no tratamento de casos leves de ansiedade e depressão em séries clínicas controladas.
Vigor para atividades
Do outro lado dos aromas relaxantes, encontram-se os estimulantes. Os mais estudados foram o de hortelã, canela e alguns aromas cítricos. Eles atuam no cérebro aumentando as funções cerebrais – o que resulta num aumento generalizado do fluxo de sangue e do consumo de oxigênio. Acompanham essas modificações no cérebro uma sensação de disposição física e mental, melhora da sonolência e vigor para o trabalho. Um despertador usando aromas de pinho e eucalipto, dois outros aromas (segredo industrial) com ação estimulante, se mostrou eficiente em terminar o ciclo do sono e despertar as pessoas sem o incômodo ruído tradicional.
Alguns dos aromas estimulantes fazem mais que um estímulo generalizado do cérebro. Eles melhoram a memória e a capacidade de raciocínio, gerando impactos positivos no desempenho do trabalho e na realização de tarefas complexas como operações de álgebra. Voluntários submetidos ao estimulo olfativo com óleo de menta melhoraram sua capacidade de realizar tarefas em matemática. Em outro estudo, a introdução do odor de canela num ambiente de trabalho resultou em maior produtividade.
Outro aspecto mais específico de alguns aromas estimulantes é o aumento da libido e mudança no comportamento sexual. Aromas cítricos, por exemplo, são acompanhados por um aumento do desejo sexual e por uma sensação de calor no corpo, motivo pelo qual a indústria da perfumaria os classifica como “quentes”. Outros aromas como o de rosas e da flor oriental ylang-ylang (também conhecida como cananga do japão) são capazes de modificar a apreciação do que é chamado de “bonito” ou “sexualmente atraente” por voluntários.
As pesquisas ainda revelaram que os aromas influenciam muito o comportamento social. A simples percepção de um aroma ser agradável ou desagradável gera uma atividade em diferentes áreas do córtex pré-frontal, uma parte do cérebro responsável pelas relações sociais e interpessoais. A presença de vários aromas agradáveis, como uma fragrância de perfume, torna a pessoa mais sociável e menos agressiva.
Efeito no metabolismo
Aromas ainda interferem de forma significativa com o aparelho digestivo, a busca por alimentos e até mesmo o metabolismo. Como diz a linguagem popular, um bom cheiro de comida dá água na boca. Não só as glândulas salivares podem ser estimuladas pelos aromas, como a secreção estomacal, pancreática e intestinal, além de mudanças em hormônios digestivos e mobilidade visceral, conhecida como movimentos peristálticos. Um estudo recente mostrou que os terminais olfativos possuem receptores de hormônios como grelinas, adiponectina e leptina, que estão implicados na regulação do metabolismo do organismo.
Sem estresse
Por fim, alguns óleos essenciais exibem uma atividade antiestresse, reduzindo mediadores como cortisol e fibrinogênio no sangue, e com isso gerando um impacto positivo na imunidade a médio prazo. Considerando todos os efeitos benéficos que os aromas podem causar no organismo, alguns pesquisadores afirmam que no futuro haverá um espaço para sua aplicação em várias doenças, ou na manutenção da saúde e prevenção de males do estresse.
Alex Botsaris é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de livros como: “O Complexo de Atlas”, “Sem Anestesia” e “Fórmulas Mágicas“ e “O Prazer de Se Cuidar” . Acaba de lançar “Medicina Ecológica”. Consultor da Pierre Alexander Cosméticos.