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27.06.2012

Medicina complementar é eficaz contra dor de cabeça

Dor de cabeça. Já sentiu? Estima-se que todos irão experimentá-la em um ou mais episódios ao longo da vida. Ela está entre os problemas de saúde mais comuns dos seres humanos. Em aproximadamente 95% dos casos, acontece um sintoma passageiro ou eventual de pessoas portadoras das síndromes de cefaléia recorrente, como a enxaqueca.

Ela pode ser secundária a alguma doença – o que ocorre em 1% dos casos. Em geral, ela é persistente, não melhora com a medicação usual e pode ser acompanhada de outros sintomas como febre, alterações neurológicas, vertigem, vômitos, entre outros. Pessoas com cefaléia, cuja evolução gere suspeita de ser orgânica, devem procurar auxílio médico imediato para diagnosticar o problema de base.

Cerca de 4% das pessoas têm os tipos crônicos e recorrentes de cefaléia, chamada de cefaléia crônica diária. Essas pessoas em geral fazem tratamentos pesados, incluindo o uso de vários medicamentos, e os resultados nem sempre são satisfatórios. Existe ainda um grupo, aproximadamente 14% dos adultos, onde os episódios de dores de cabeça são muito frequentes a ponto de interferir com sua qualidade de vida, ainda que não sejam diários. Esses dois grupos podem se beneficiar da Medicina Complementar.

Por incrível que pareça, até hoje, esse problema tão comum de saúde, continua sem ser bem conhecido, gerando controvérsias na medicina. Ainda se discute todos os fatores envolvidos na gênese da dor, assim como as grandes diferenças individuais na evolução e na resposta aos tratamentos propostos. Na minha modesta experiência, existem muitas variáveis influenciado cada caso, como diferentes gatilhos de dor, padrões de condicionamento reflexo, e uma combinação de respostas específicas do sistema nervoso autônomo, que geram a grande complexidade de comportamento das dores de cabeça. As metodologias científicas aplicadas pela medicina, até o momento, não têm capacidade de identificar e entender como se comporta um sistema multifatorial com esse nível de variabilidade e complexidade – motivo que dificulta os avanços da ciência.

Por isso, as medicinas complementares podem gerar resultados surpreendentes em termos de melhora e alívio em pacientes portadores de dores de cabeça crônica, que não conseguem alívio com os medicamentos convencionais. Elas lidam melhor com as características de cada individuo, assim como com o conceito holístico de saúde – onde as pessoas são vistas como um todo -, permitindo ajustes sofisticados e específicos que cada caso exige. Entre as medicinas complementares que, na minha experiência, podem dar mais resultados, temos várias opções listadas a seguir. Cada paciente se adapta melhor a um tipo de abordagem, e os casos mais severos, em geral se beneficiam da associação de duas ou três técnicas ao mesmo tempo. A única maneira de descobrir é por tentativas, mas seguir a intuição, seja do médico ou a do paciente, pode ser um instrumento para encurtar o caminho para a melhor solução.

A acupuntura é uma das medicinas complementares mais eficazes no combate a dor e deve ser sempre considerada nesses casos. A técnica milenar já conta com mais de 400 publicações cientificas, além de uma enormidade de informações tradicionais, com dezenas de combinações de pontos para os diferentes tipos de cefaléia.

Considerando que a medicina já sabe que estímulos vindos de músculos, ligamentos e tendões da cabeça têm uma participação na gênese de alguns tipos de dor de cabeça, em particular, a cefaléia tensional, as diferentes escolas de massagem são outra excelente arma contra essa dor. Na minha experiência, pessoas com um gatilho de dor na articulação têmporo-mandibular (ATM – articulação da mandíbula) ou nas vértebras do pescoço, se beneficiam muito de massagem – seja convencional ou as técnicas orientais.

Também acompanhei muitos pacientes – em especial os portadores de síndrome da enxaqueca -, que tiveram uma resposta excelente à homeopatia. Muitos medicamentos homeopáticos possuem uma rubrica forte no repertório homeopático (livro que associa os sintomas aos medicamentos) para dores de cabeça, cada um com características específicas, como localização, horário, fatores agravantes e atenuantes, que permitem uma grande individualização de cada caso.

Costumo ainda indicar a osteopatia, em especial a técnica crânio-sacro para casos mais difíceis de tratar. A técnica crânio sacro é focada em normalizar funções neurológicas e a circulação do líquido cefaloraquidiano (o líquido que fica dentro do cérebro) e do ponto de vista prático tem excelente resultado em muitos tipos de dores de cabeça.

Na fitoterapia, alguns extratos de plantas medicinais revelaram capacidade de prevenir episódios de dores de cabeça, mais especificamente no caso da síndrome da enxaqueca. O gengibre (Zingiber officinale) possui alguma evidência dessa ação, assim como o tanaceto (Tanacetum parthenium). Muitas vezes também utilizo combinações semelhantes às formulas da medicina chinesa, conforme o diagnóstico oriental, de acordo com a resposta de cada caso. Na mesma linha, a medicina ayurvédica (indiana) possui várias fórmulas para os tipos de dores de cabeça, que ela classifica de acordo com os doshas (humores biológicos): vata, pitta e kapha.

 

Alex Botsaris é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de livros como: “O Complexo de Atlas”, “Sem Anestesia” e “Fórmulas Mágicas“ e “O Prazer de Se Cuidar” . Acaba de lançar “Medicina Ecológica”. Consultor da Pierre Alexander Cosméticos.