27.06.2012
Ressaca: saiba como evitar e tratar
Em épocas de festividade, aumenta o consumo de bebidas alcoólicas. O exagero causa um quadro de intoxicação que as pessoas chamam de ressaca, caracterizado por dores de cabeça, náuseas, vômitos, tonteiras e indisposição geral. Há quem fique com dor abdominal e diarréia. Em alguns casos, o quadro pode ficar mais grave, como coma alcoólico ou pancreatite aguda.
Em primeiro lugar, busque consumir bebidas alcoólicas de boa qualidade. É que a má qualidade, em especial as destiladas, possuem substâncias produzidas na fermentação que aumentam muito a toxicidade do álcool. São álcoois de cadeia curta e aldeídos com potencial de dano ao fígado, ao cérebro e a outros órgãos do corpo. Mesmo em quantidades muito pequenas, essas substâncias potencializam o efeito tóxico do álcool, gerando os efeitos da ressaca muito mais rapidamente. Portanto, ao escolher bebidas alcoólicas, prefira as fermentadas de baixo teor alcoólico como a cerveja, ou então uma destilada de boa qualidade.
Vale destacar que cada bebida alcoólica tem um processo de fermentação diferente, e poderá produzir um perfil de outras substâncias (álcoois de cadeia curta, aldeídos) também diferente. Ao misturar bebidas alcoólicas, a pessoa está misturando, igualmente, essas substâncias. Mesmo em quantidades muito pequenas, elas podem potenciar o efeito tóxico do álcool, e sua toxicidade é proporcional ao número de substâncias que a pessoa ingere. Por isso, as pessoas que misturam bebidas alcoólicas costumam passar mais mal e se recuperar mais lentamente.
Esteja bem alimentado
Quando as bebidas alcoólicas são ingeridas sem alimentos no estômago e intestinos, o álcool entra em contato direto com as células da mucosa, agredindo sua membrana. Num segundo momento, uma quantidade excessiva de moléculas de etanol chega ao fígado, também lesando a membrana das células desse órgão. Isso faz a pessoa ficar bêbada muito mais rápido e aumenta os efeitos tóxicos sobre esses órgãos. Como consequência, a ressaca é muito pior. A presença de alimentos no estômago e intestinos atenua muito a toxicidade do álcool. Dessa forma, é possível beber sem passar mal.
Água como antídoto
A água é um dos melhores antídotos contra a toxicidade do álcool. As moléculas de água formam complexos chamados de azeotropos com o álcool, que resulta num efeito como se as moléculas de álcool fossem sequestradas. Num segundo momento, a água ajuda a eliminação do álcool pela urina. Tudo isso diminui muito a toxicidade do álcool, em especial sobre o sistema nervoso, onde um efeito excessivo gera incoordenação motora e outros sintomas, culminando no coma. Uma maneira de evitar isso é ingerir sempre alguma bebida de base aquosa, alternando com a bebida alcoólica. O ideal é que a pessoa beba de 4 a 6 copos de água, enquanto está consumindo quantidades de álcool maiores que as habituais. Lembre-se disso!
Carboidratos: carregue barras de cereais
Os carboidratos simples são os açúcares quebrados em pequenas unidades, como a glicose. O álcool é um potente estimulante da secreção de insulina, e o aumento do álcool no sangue causa uma expressiva redução da glicose. Os sintomas de ressaca e intoxicação alcoólica podem ser atribuídos à hipoglicemia. Por isso, quando a pessoa está bebendo quantidades maiores de álcool, deve sempre ingerir, em intervalos regulares, uma fonte de carboidratos simples, como uma barra de cereais. Recomendo a ingestão de uma barra de cereais a cada três horas.
No dia seguinte
Caso não tenha seguido as dicas acima, continue lendo este texto para tratar a sua ressaca! Várias plantas medicinais são conhecidas por reduzir os efeitos dela. Elas atuam no fígado, protegendo os sistemas de detoxificação, além de ajudarem na eliminação do álcool pela urina. As principais são o boldo falso (Plectrantus barbatus) e a carqueja (Bacharis trimera). Ambas podem ser usadas preventivamente, para reduzir os efeitos da ressaca, e curativamente, para ajudar na recuperação rápida. Em geral, uma colher de sopa da planta seca para 150ml de água fervente são suficientes para fazer o chá.
Cuidado com remédios preventivos de ressaca
Evite usar, preventivamente, remédios para ressaca. Esses medicamentos são à base de aspirina, que potencializa os efeitos tóxicos sobre as células do estômago e intestino. A aspirina ainda tem um período de atividade curto, cerca de quatro horas – assim, quando a pessoa precisa do efeito analgésico, ele já cessou.
Alex Botsaris é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de livros como: “O Complexo de Atlas”, “Sem Anestesia” e “Fórmulas Mágicas“ e “O Prazer de Se Cuidar” . Acaba de lançar “Medicina Ecológica”. Consultor da Pierre Alexander Cosméticos.